“O Amapá possui imensas potencialidades na bioeconomia que será a economia do futuro. A fruticultura, os produtos florestais, a pesca, os bioterápicos, biocomércios e cosméticos, além da produção de hidrogênio verde, são apenas algumas das áreas com grande potencial de desenvolvimento econômico sustentável,” diz o economista Charles Chelala.
Charles Chelala identifica diversas potencialidades econômicas no estado amapaense, como a bioeconomia, fruticultura, produtos florestais, pesca e bioterápicos.
“Embora o Amapá seja atualmente um dos estados menos desenvolvidos e com baixo PIB, essas áreas emergentes podem impulsionar um crescimento econômico sustentável. O desafio agora é promover investimentos e fortalecer instituições de pesquisa para transformar essas potencialidades em realidade” diz Charles.
O Estado do Amapá completa 80 anos de existência como estado e enfrenta desafios para alcançar um desenvolvimento econômico mais robusto. Atualmente, ocupa uma posição desfavorável no ranking do PIB. De acordo com dados do IBGE, do primeiro trimestre de 2023, o Amapá ocupa a 3º posição no ranking do PIB Brasileiro, ficando atrás de Rondônia e Tocantins.
Para Charles Chelala, o cenário ainda não é favorável. “O Amapá provavelmente em breve será ultrapassado pelo dinamismo que Roraima apresenta”, ele ainda acrescenta: “Mais um dado para não me perder com muitos números: Nas cento e setenta mil pessoas cadastradas no Bolsa Família, existem apenas setenta mil trabalhadores com carteira assinada”, enfatiza o economista, destacando a necessidade de oportunidades de trabalho e desenvolvimento
Com presença expressiva do setor público na economia, o Amapá precisa diversificar e fortalecer sua iniciativa privada para impulsionar o crescimento econômico. A bioeconomia é apontada pelo economista como uma das áreas mais promissoras para o futuro do Amapá, com destaque para a fruticultura, especialmente o açaí. Atualmente, o açaí industrializado ocupa a quarta posição na pauta de exportação do estado.
POTENCIALIDADES ECONÔMICAS DA FRUTICULTURA E PRODUÇÃO DE PRODUTOS FLORESTAIS
“A fruticultura do Amapá tem uma potencialidade imensa, principalmente o açaí. O açaí já hoje ocupa o quarto lugar na nossa pauta de exportação. E é interessante dizer que a gente não exporta açaí fruto. A gente exporta açaí industrializado, processado em bebidas à base de açaí, sorvetes, em tipo iogurte, diz o economista”
“E nós temos também produtos florestais, madeireiros, e muito em breve o Amapá produzirá muita madeira oriunda de concessões florestais, com manejo certificado internacionalmente, por exemplo, pelo selo FSC. E eu chamo muita atenção a isso porque essas concessões são em unidades de conservação.
DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA PESCA E AQUICULTURA
A pesca também é outra área com potencial, apesar da falta de regulamentação e a necessidade de fortalecer a cadeia produtiva local. Há também oportunidades na aquicultura.
“E o Amapá tem um potencial para pesca imenso que, lamentavelmente, hoje é totalmente desregulada e sem nenhum tipo de aprofundamento para que se fortaleça esse arranjo produtivo local da pesca, essa cadeia produtiva.
POTENCIAL DA FLORA E FAUNA NA PRODUÇÃO DE BIOTERÁPICOS, BIOCOMÉRCIOS E COSMÉTICOS
A utilização dos recursos da flora e fauna da região para produção de bioterápicos, biocomércios e cosméticos é mencionada como uma possibilidade interessante para a economia do Amapá.
“Temos também os bioterápicos, biocomércio e cosméticos, que são produtos gerados da flora, principalmente, mas também da fauna. Eles podem ser utilizados na produção de medicamentos, cosméticos, fármacos, entre outros”, revela o economista.
A ENERGIA DO FUTURO IMPULSIONANDO A ECONOMIA DO AMAPÁ: O POTENCIAL DO HIDROGÊNIO VERDE, ENERGIA SOLAR E EÓLICA
“E ainda há potencialidade para a produção do combustível do futuro, que todos estão buscando, que é o hidrogênio verde. O Amapá talvez seja um dos lugares mais adequados para gerar energia solar, gerar energia eólica e transformá-la em hidrogênio para abastecimento internacional. Mas para tudo isso ainda falta muito, para que tais potencialidades se convertam em realidade” diz Charles.
INVESTINDO EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO: IMPULSIONANDO O DESENVOLVIMENTO E GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA
O investimento em ciência, tecnologia e instituições de pesquisa é destacado como uma necessidade para fortalecer o desenvolvimento do estado e gerar emprego e renda através da produção de patentes e desenvolvimento de start-ups no setor de tecnologia.
“O Amapá se vende muito mal, as pessoas não conhecem essas potencialidades, então os investidores, na hora de tomar decisões, optam pelo Pará ou pelo Amazonas, pois têm pouco conhecimento sobre o Amapá. Mesmo o Amapá tendo vantagens tributárias, como a Zona Franca Verde de Macapá e Santana ou a área de livre comércio. É necessário muito investimento em ciência e tecnologia. Nós temos instituições já consolidadas, não estou falando apenas da UNIFAP e UEAP, mas das instituições como o Instituto Federal do Amapá, o IEPA, a Embrapa e várias fundações. Elas precisam ser fortalecidas.
